História: Erik Satie e a Genialidade incompreendida.

  Você sabe quem criou a música ambiente? Quem foi a pessoa que inspirou as maiores artes do Cubismo? Bom, essa pessoa foi um compositor não tão conhecido, porém meu favorito, chamado Erik Satie. Com certeza você já ouviu alguma obra dele, sendo ela provavelmente a Gymnopedie 1, que se popularizou na TV Cultura na abertura de alguns antigos programas.
  Éric Alfred Leslie Satie, apelidado como Esotérik Satie, que logo se tornou Erik Satie, é considerado um dos compositores mais excêntricos que já existiu. É algo perceptível ao escutar suas obras, e comparar a todas as composições românticas de Chopin, por exemplo, que estamos familiarizados, o que faz sentido, pensando que em vida, Satie queria quebrar os padrões chatos do Romantismo.

Sua Vida

  Enfim, para sua história né, Erik Satie nasceu no interior da França em 1866, não cresceu nem com sua mãe, que morreu em 1872, nem com seu pai que morava em Paris, então passou sua infância com seu tio tão excêntrico quanto o sobrinho. Na cidade de Honfleur aprendeu a tocar piano, e se apaixonou pela arte, e em 1878 (sim ele era muito novo ainda) se mudou para a capital e entrar no tão famoso conservatório de Paris.
  Então começam os problemas, dentro do Conservatório, ele foi depreciado tanto por aluno como por professores, chamado de, com essas palavras mesmo, inútil, medíocre, e sem talento. Isso se devia pelo fato de utilizar harmonias diferentes em suas composições, ritmos diferentes, e obviamente, não seguir o modelo Romântico.
  Se afastou então do Conservatório e foi viver num pequeno quarto no subúrbio de Paris. Em 1890 começou a tocar em bares e cabarets, onde fez uma amizade, que também era uma rivalidade, chamada Claude Debussy, grande compositor dentro do Impressionismo.
  Aqui trago a primeira reflexão, não importa onde você pesquise a história de Erik Satie, o Debussy vai ser citado como seu companheiro na Vanguarda Artística, porém Satie não é citado na história de Debussy, e pensando que ambos tiveram uma grande influência na música dentro da França e todo Ocidente, chego na conclusão que talvez até hoje estejamos simplesmente acostumados a poucas modalidades da arte, lembramos de Debussy pois ele teve aula com Tchaikovsky e então seu estilho ainda se assemelhava às grandes composições eruditas que tanto ouvimos, enfim, só um pensamento mesmo.
  Continuando, Satie se apresentava como Gymnopedista, pensando no antigo festival grego dedicado a Apolo, a Gymnopedie. Em 1891 talvez tenha chegado no ápice de insanidade, ao ser influenciado pelo esoterismo e fundando sua própria igreja, a "Igreja Metropolitana de Arte e Jesus como Guia", a parte mais bizarra? Ele realmente era o único membro.
  Futuramente, próximos aos 40 anos de idade, Erik Satie foi um precursor do Minimalismo, e então decide voltar a estudar, em 1905 na Schola Cantorum, para aprender Orquestração, porém logo depois se desinteressou em abandonou os estudos.
  Quando ele volta a tocar em bares e cabarets como antigamente, quando fundou a música ambiente - curiosidade: quando tocava em sua vida noturna, todas as pessoas simplesmente ficavam quietas e escutavam, ele se enfurecia e gritava "Conversem caralho! Façam alguma coisa! Não fiquem apenas escutando!" o que na época era algo anormal - , Satie havia se tornado, além de alcoólatra, mais ambicioso, começou a escrever balés e cantatas, com sons diferentes como de maquinas de escrever, sons de tiros de armas, sirene e afins. Em seu balé, Pablo Picasso cuidou do cenário e vestuário, e o próprio diz que se inspirou em Satie em diversas obras.
  Sob encomenda da fucking princesa, em 1918 escreveu um drama orquestrado sinfônico com um texto do Platão no meio, o cara era foda.
  Ele teve inúmeros discípulos, que futuramente fundaram uma escola, porém, talvez essa sensação não agradava tanto Satie, pois o alcoolismo ainda tomava conta dele, e em 1 de julho de 1925, veio a óbito de cirrose.

Fatos Interessantes

  Atrás de seu piano encontraram uma partitura não publicada, chamada Jack-In-The-Box, que era estranhamente alegre, em comparação as suas outras obras né.
  Então vamos lá, quero ressaltar alguns pontos importantes, Satie claramente não era feliz, suas três Gymnopedies se chamavam, respectivamente: Lenta e Dolorosa, Lenta e Triste, Lenta e Séria. Artista é algo complicado, porém o caso de Satie, eu vejo como algo diferente, pois ao ouvir suas obras, ou apenas de ver alguma foto dele, é difícil não simpatizar pelo sentimento sufocante que ele sentiu durante sua vida.
  Por final, pois isso já vai se encaixar com a próxima publicação que vou querer fazer, Satie teve apenas um amor em sua vida, que foi sua vizinha, a pintora Suzanne Valadon, que fez seu maior retrato. O compositor à pediu em casamento no primeiro dia que saíram, para nós isso é algo estranho né? Mas a questão é, se Satie realmente a amava, considerando o fator de não se conhecerem direito, mas em algum momento o amor se inicia, se para Satie se iniciou tão cedo, ele demonstrou com toda sua
intensidade. Eles não se casaram, porém namoraram por 6 meses, até que Suzanne decidiu se casar com outro homem, até que ponto isso interferiu em suas composições? Em sua dependência com o álcool, sendo que a pintora também era adepta? Ou pensando na perspectiva da Valadon, até que ponto isso influenciou em suas pinturas sempre inspiradas em Van Gogh e Matisse? O ponto que quero chegar é que Satie sempre foi considerado louco, por conta de ter uma visão completamente diferente, por acumular guarda chuvas ou por ter seis jalecos iguais, que eram os que sempre utilizava, mas sua genialidade é incontestável, e morreu praticamente sozinho, diferente de todos os outros compositores, sem uma marcha fúnebre, sem tantas memórias. Porém já foi dito pelo professor Leandro Karnal, o preço da inteligência é a solidão.

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