Por que as liberdades individuais são importantes?
Hoje tô aqui pra falar de um tema que tem muitas vertentes e fatos a serem analisados a fim de tentar clarear a importância dos direitos de cada um e como nada disso é frescura ou exagero.
Pra começar esse texto resolvi citar uma obra literária que realmente mexeu muito comigo e eu acho sensacional, tanto nas suas lições quanto na sua atemporalidade, ou seja, mesmo depois de tanto tempo ainda é adaptável ao ambiente social atual.
Provavelmente vocês já leram ou conhecem o livro “O Alienista” de Machado de Assis (na minha humilde opinião o maior escritor do Brasil). A obra retrata a história de Simão Bacamarte, um médico que estuda o funcionamento da mente humana. Ele cria um hospício na pacata cidade de Itaguaí que, após o feito, deixa de ser pacata. A grande sacada do enredo é que diversas pessoas são internadas, mesmo as que não necessitavam do tratamento e isso conota a privação da liberdade, bem como uma grande falta de autonomia própria na tomada de decisões. No entanto, seja no livro, seja na vida real, tudo isso é fomentado por uma peça chave: a intolerância e o preconceito.
Vocês devem estar se perguntando “Poxa, mas como a intolerância e as liberdades individuais se relacionam”. Contudo, são dois temas extremamente complexos que se cruzam mais de uma vez em discussões, visto que, a partir do momento que nossas liberdades pessoais interferem nas liberdades do nosso próximo, todo um comportamento e harmonia social são colocados em risco. Isso é bem afirmado em teorias de diversos filósofos, inclusive Jean Jacques-Rousseau em seus escritos acerca do famoso “contrato social”.
No Brasil, percebe-se um aumento de práticas conservadoras socialmente falando. Estas colocam em xeque uma série de direitos sociais que foram adquiridos com muita luta e esforço por parte das minorias. Mas também o que poderíamos esperar de pessoas que pedem a volta do AI-5 e da Ditadura Militar? Pessoas, estas, que se apoderam da liberdade de expressão para acabar com ela! Na realidade, diversos acontecimentos têm colocado em xeque as liberdades individuais no mundo, bem como a ascensão de diversos governos com bases regressistas e o advento do mundo tecnológico que pode influenciar uma perda de autonomia pessoal se não utilizado de maneira responsável.
O documentário “Exit Through the Gift Shop” caracteriza claramente a importância da liberdade de expressão (que também faz parte das liberdades individuais) e da criação do senso crítico a fim de que não sejamos coniventes com a ética social vigente, aquela da lei do mais forte, a do olho por olho, dente por dente, aquela sobre poder acima de tudo e riqueza acima de todos.
Outro ponto muito interessante é aquele afirmado pelo filme “The Truman Show”. Desde seu nascimento, Truman participa de um “reality show” que nada mais é do que sua vida. Tudo que ele passou foi filmado por câmeras, cada pequeno gesto ou ato. Tudo isso não passava nada menos do que uma falsa sensação de liberdade e invasão de privacidade. Tudo na vida de Truman era encenado e falso, era um espetáculo. Sabe aquela lógica “Vigiar e Punir” do Foucalt? É justamente aqui que ela entra. O famoso pan-óptico, aquilo sobre espreitar a vida de todos a fim de saber se estão seguindo seus devidos papéis nessa sociedade do espetáculo*, de forma que as pessoas têm medo de ser quem são e ser punidas por isso.
Voltando ao âmbito do preconceito, é possível inferir que ele inibe e oprime as diferenças através da intimidação e do ataque, seja psicológico, seja físico. A partir disso, a pessoa que é discriminada, por qualquer razão que seja, passa a temer as represálias e sofrerá sem poder ser quem de fato é por intolerância e medo.
As liberdades individuais devem ser garantidas independente de qualquer coisa e elas proporcionam esse rompimento com o estigma da discriminação. Há muitos meios de se alcançar isso! Cabe a todos nós mudar os pensamentos retrógrados e criar alicerces enraizados no amor e respeito ao próximo, o que muitas vezes pode parecer difícil, mas não é impossível e a empatia a alteridade são as chaves fundamentais para seguir esse caminho.
Além disso, apoiar o movimento feminista, acolher o movimento LGBTQ+, procurar entender de maneira mais concisa como as políticas afirmativas sociais são importantes, expandir seus horizontes, respeitar tudo que é diferente, quebrar a intolerância religiosa. Ufa! Quanta coisa a gente pode fazer pra garantir as nossas liberdades e as dos outros.
Sinto que tudo pelo que estamos passando veio como aviso, como forma de demonstrar a importância que um tem para o outro. Vi um comercial na TV da Natura esses dias que dizia assim: “Cada pessoa é um mundo e todo mundo importa”. Achei tão lindo e poético sabe. Não tem como alguém ficar impassível diante de uma frase dessas que exalta a união. Não tô fazendo propaganda não! Só estou comentando uma frase que se encaixa totalmente nisso.
Vamos quebrar os gelos de nossos corações e compartilhar amor, respeito e carinho às pessoas. Vamos mudar essa realidade de injustiças nessa luta que é de todos e garantir o que é nosso por direito: a liberdade!
*Sociedade do espetáculo é uma obra literária do escritor francês Guy Debord e critica todo e qualquer tipo de imagem que leve o ser humano à passividade e a à aceitação de valores pré-estabelecidos, denotando uma forte ponderação acerca do sistema vigente e acerca da convivência do homem para com as "máscaras" utilizadas em meios sociais específicos a fim de garantir a aceitação social.
Parabéns por abordar questões que devem sempre ser discutidas para que haja mudança nesse modelo de sociedade. Muito bom o texto.
ResponderExcluirMuito bom mesmo
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