Literatura Entusiasta - Quincas Borba (Machado de Assis)

    Literatura entusiasta - Quincas Borba (Machado de Assis)

    Quincas Borba foi um romance escrito por Machado de Assis lançado em folhetins em 1891. Considerado por muitos como um prelúrdio do que seriam os spins offs, o livro Quincas Borba tem relação com a obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, do mesmo autor. Ela está sendo cobrada para a prova da FUVEST 2021, sendo movimento realista e trazendo muitas questões com visões à frente do seu tempo. Por isso, vamos te dar uma ajudazinha com a obra!
    

    1- Sobre o autor

    Machado de Assis foi um escritor negro nascido em 1839, conhecido por muitos como um dos melhores (ou o melhor) escritor brasileiro de todos os tempos. Foi cronista, romancista, jornalista e contista, tendo um talento de destaque em todas essas áreas. Machado foi um dos nomes mais importantes para a literatura brasileira e produziu obras como: Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas, O Espelho, A Cartomante e O Alienista.

    2- Resumo

    Quincas Borba, como já havia aparecido no livro de Brás Cubas, era um filósofo "humanita", uma filosofia criada por ele mesmo. O "humanitismo" tem como exemplo a sobrevivência do mais forte perante o declínio do mais fraco. Como exemplo, temos duas tribos que rivalizam uma plantação de batatas; quando as tribos fazem as pazes, há compartilhamento de alimento, mas é inuficiente e todos morrem de fome. Agora, quando uma vence a outra, a vencedora fica com as batatas, sendo a paz a derrota e a guerra a vitória, com a frase: "Aos vencedores, as batatas".
    Após morrer, Quincas Borba deixa uma fortuna para Rubião, professor de Barbacena que era seu amigp. A única condição para ficar com a fortuna de Quincas, era cuidar de seu cachorro (que tinha o mesmo nome de seu dono, Quincas Borba), algo que Rubião não percebe e consegue pegar o cachorro de volta para obter a fortuna, já que ele já o havia doado.
    Com a fortuna, Rubião se muda para Rio de Janeiro (capital da época). No caminho para lá, Rubião encontra o casal Sofia e Cristiano Palha no trem, que fazem amizade com ele e dizem que vão protegê-lo de aproveitadores de sua fortuna..
    Com o tempo, Rubião acaba se apaixonando por Sofia e se declara em um baile, achando que era amor correspondido por algumas cordialidades dela. Sofia conta a declaração para seu marido, Palha, que pede para Sofia se conter e usar isso a favor, alimentando o amor de Rubião por ela e usando sua inocência para conseguir sua fortuna.
    Rubião e Palha abrem uma firma juntos, ficando cada vez mais próximos, com Palha administrando a fortuna de Rubião. Carlos Maria aparece, causando interesse por Sofia e ciúmes de Rubião (algo que ele não sentia com relação ao Palha), fazendo ele a acusar de adultério. Sofia posteriormente não consegue ficar com Carlos Maria, que pronuncia casamento com Maria Benedita, prima de Sofia que havia se mudado para lá recentemente.
    Cristiano Palha fica com os negócios apenas para ele e pede para Sofia cortar as relações com Rubião. Rubião fica louco e se percebe obcecado para ter o amor correspondido por Sofia, chegando ao ponto de invadir sua carruagem para tentar conversar com ela a força enquanto o autor deixa bem claro na Sofia o desconforto e vontade de fugir. Rubião endoidece ao ponto de dizer que era Napoleão III e que ela era sua amante.
    Nas ruas de Rio de Janeiro, Rubião se diz imperador e é zombado por um bando de crianças. Uma delas, havia sido salva pelo Rubião que havia a empurrado para não ser atropleada por uma carruagem, mas não o reconhece. 
    Rubião volta para sua cidade natal, Barcelona, onde anda pelas ruas com seu cachorro Quincas Borba. Ele morre com as últimas palavras sendo: "Aos vencedores as batatas!", enquanto Quincas Borba morre dias depois, andando sozinho pelas ruas da cidade. Paralelamente, Sofia e Palha aproveitam da fortuna tirada de Rubião.
     

    3- Análise da obra

    Na época que a história foi publicada, haviam muitas correntes filosóficas ganhando muita influência dentro do Brasil. Sendo assim, Machado conseguiu colocar uma paródia dessas correntes, a qual ele denominou "humanita", uma filosofia que se estabelece no começo do livro e que acaba sendo uma grande metáfora para a história em si. 
    Rubião seria o derrotado, aquele que, por sua inocência, foi usado e abusado das pessoas que se aproximaram dele, enquanto Sofia e Palha foram os parasitas que o manipularam e acabaram "vencendo". Mesmo até esse ponto, a filosofia de Quincas tem se provado, em que o mais forte vence o mais fraco, Rubião ainda ressalta a frase: "Aos vencedores, as batatas", dita pelo filósofo em seu exemplo, em que o casal chegava à sua ascensão apenas por meio do declínio de Rubião. 
    Outro ponto a ser falado é o garoto que Rubião salva. Quincas Borba, além do exemplo das tribos, deu um exemplo dizendo que uma parente havia morrido por causa da desatenção de um condutor de carruagem muito faminto, segundo sua filosofia, a morte dela era certa para que o carroeiro pudesse comer. Algo semelhante acontece quando Rubião, após salvar a criança, é zombado pela mesma quando está louco, a criança era muito nova para saber quem havia a salvado ou que devia algo ao homem, chegando na conclusão de Quincas de que a paz, era a derrota. 
    Sua narrativa é linear e escrita em terceira pessoa, porém, há a participação de um eu-lírico que se passa como autor da obra e que faz comentários extremamente irônicos sobre a história, sem interferir.
    É notável também que os personagens de Machado (independente da obra), seguem caminhos de personalidade semelhantes, sendo muitos traídores, falsos, ignorantes ou insensíveis (como exemplo Brás Cubas que é tudo isso e mais). Porém, algo que se destaca nessa obra é a Dona Fernanda, personagem secundária de não muito destaque que se distoa por manter uma compaixão pela situação de Rubião.
    Por último, Machado de Assis criou mais uma outra obra com os males da sociedade da época, obecada por poder e usando métodos de manipulação para alcançar seus objetivos, quase maquiavélico. Quincas Borba pode se assemelhar, mas distoa com seus próprios méritos.

    4- Exercícios

   1- (UEL 2005) Nessa passagem, quem fala é Quincas Borba, o filósofo. Suas palavras são dirigidas a
Rubião, ex-professor, futuro capitalista, mas, no momento, apenas enfermeiro de Quincas Borba. É
correto afirmar que a maneira como constrói esse discurso revela preocupação com:
a) A clareza e a objetividade, uma vez que visa à compreensão de Rubião da filosofia por ele criada,
o Humanitismo.
b) A emotividade de suas palavras, dado objetivar despertar em Rubião piedade pelos vencidos e
ódio pelos vencedores.
c) A informação a ser transmitida, pois Rubião, sendo seu herdeiro universal, deverá aperfeiçoar o
Humanitismo.
d) O envolvimento de Rubião com a filosofia por ele criada, o Humanitismo, dada a urgência em
arregimentar novos adeptos.
e) O estabelecimento de contato com Rubião, uma vez que o mesmo possui carisma para perpetuar
as novas idéias.

    2- (Pucrs 2007) No início de "Quincas Borba", a personagem Rubião avalia sua trajetória, enquanto
olha para o mar, para os morros, para o céu, da janela de sua casa, em Botafogo. Passara de .......... a
capitalista ao .......... . Mas, no final do romance, o personagem acaba morrendo na miséria.
As lacunas podem ser correta e respectivamente preenchidas por:
a) jornalista - receber um prêmio
b) professor - receber uma herança
c) enfermeiro - se tornar comerciante
d) filósofo - investir em terras
e) enfermeiro - se casar com Sofia
    
    3- (Ita 2005) Em 1891, Machado de Assis publicou o romance "Quincas Borba", no qual um dos temas
centrais do Realismo, o triângulo amoroso (formado, a princípio, pelos personagens Palha-Sofia-
Rubião), cede lugar a uma equação dramática mais complexa e com diversos desdobramentos. Isso
se explica porque
a) o que levava Sofia a trair Palha era apenas o interesse na fortuna de Rubião, pois ela amava muito
o marido.
b) Palha sabia que Sofia era amante de Rubião, mas fingia não saber, pois dependia financeiramente
dele.
c) Sofia não era amante de Rubião, como pensava seu marido, mas sim de Carlos Maria, de quem
Palha não tinha suspeita alguma.
d) Sofia não era amante de Rubião, mas se interessou por Carlos Maria, casado com uma prima de
Sofia, e este por Sofia.
e) Sofia não se envolvia efetivamente com Rubião, pois se sentia atraída por Carlos Maria, que a
seduziu e depois a rejeitou.
    
    4Capítulo CC

Poucos dias depois, [Rubião] morreu... Não morreu súbdito nem vencido. Antes de principiar a agonia,
que foi curta, pôs a coroa na cabeça, - uma coroa que não era, ao menos, um chapéu velho ou uma bacia,
onde os espectadores palpassem a ilusão. Não, senhor; ele pegou em nada, levantou nada e cingiu nada;
só ele via a insígnia imperial, pesada de ouro, rútila de brilhantes e outras pedras preciosas. O esforço que
fizera para erguer meio corpo não durou muito; o corpo caiu outra vez; o rosto conservou porventura uma
expressão gloriosa.
- Guardem a minha coroa, murmurou. Ao vencedor...
A cara ficou séria porque a morte é séria; dous minutos de agonia, um trejeito horrível, e estava assinada
a abdicação.

                                                                Capítulo CCI

Queria dizer aqui o fim do Quincas Borba, que adoeceu também, ganiu infinitamente, fugiu desvairado
em busca do dono, e amanheceu morto na rua, três dias depois. Mas, vendo a morte do cão narrada em
capítulo especial, é provável que me perguntes se ele, se o seu defunto homônimo é que dá titulo ao livro,
e por que antes um que outro, - questão prenhe de questões, que nos levariam longe... Eia! chora os dous
recentes mortos, se tens lágrimas. Se só tens riso, rite! É a mesma cousa. O Cruzeiro que a linda Sofia não
quis fitar, como lhe pedia Rubião, está assaz alto para não discernir os risos e as lágrimas dos homens.
(Machado de Assis, "Quincas Borba")

(FATEC 2005) Depreende-se do texto que
a) ao narrar a agonia de Rubião, o narrador deixa implícito que aquele merecia as honrarias de um
rei.
b) a ambigüidade no título do romance, "Quincas Borba", justifica-se pelo fato de o autor não
conseguir definir-se por homenagear o filósofo ou seu cão.
c) a afirmação que encerra o capítulo CC revela um traço machadiano característico: a ironia.
d) a declaração de que Sofia não quis fitar o Cruzeiro revela a indiferença como matriz do estilo do
autor.
e) a linguagem empregada para descrever a morte de Quincas Borba revela tendência do narrador a
dar mais importância ao cão do que a Rubião.

    5- Rubião fitava a enseada,- eram oito horas da manhã. Quem o visse, com os polegares metidos no cordão
do chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que ele admirava aquele pedaço de água
quieta; mas, em verdade, vos digo que pensava em outra cousa. Cotejava o passado com o presente. Que
era, há um ano? Professor. Que é agora? Capitalista. Olha para si, para as chinelas (...), para a casa, para o
jardim, para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo, desde as chinelas até o céu, tudo entra na
mesma sensação de propriedade.
"Vejam como Deus escreve certo por linhas tortas", pensa ele. Se mana Piedade tem casado com
Quincas Borba, apenas me daria uma esperança colateral. Não casou; ambos morreram, e aqui está tudo
comigo; de modo que o que parecia uma desgraça...
(Machado de Assis)

(Mackenzie)Assinale a alternativa correta quanto ao texto.
a) Instala-se, explicitamente, um interlocutor-leitor, que é a pessoa a quem o personagem Rubião se
dirige, ao fazer perguntas.
b) Trata-se de um texto sem historicidade, ou seja, não se relaciona com a História, porque não
revela concepções ideológicas.
c) Revela-se um personagem capitalista que enxerga o mundo sob a ótica da propriedade.
d) As reticências finais sugerem uma voz que confirma e reforça a desgraça.
e) As perguntas e respostas são feitas em discurso direto, já que há duas enunciações.

    5- Gabarito

    1- A
    2- B
    3- D
    4- C
    5- C

    

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